Considerado o maior comunicador da TV brasileira, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, se apresentava sempre fantasiado. Passou por várias emissoras, mas foi na Globo que fez mais sucesso, com dois programas: um de calouros, “Buzina do Chacrinha”, e outro dedicado à parada musical, o “Discoteca do Chacrinha” (depois, eles viraram um só, o “Cassino do Chacrinha”). No de calouros, usava uma cartola, um disco de telefone (um símbolo ligado à comunicação) e uma buzina, para a eliminação. No “Discoteca”, criava a cada semana uma fantasia. Era um visual, na época visto como brega, mas hiperpop. Dá para dizer sem exagerar que o modo de vestir era também fruto de uma de suas máximas: “Quem não se comunica se trumbica”. E, claro, havia os abacaxis e nacos de bacalhau atirados à plateia.
Quem é o herdeiro dele? Difícil dizer, porque Chacrinha tinha um estilo único e influenciou, de um modo ou de outro, todos os que vieram depois. Fausto Silva, porém, pode ser apontado como aquele que chega mais perto, até mesmo por ser dono do maior auditório da TV nacional. A irreverência e o frasismo inspirado, típicos de Chacrinha, eram uma marca forte de Fausto, mas, pena, foram sendo abandonados e, aos poucos, trocados por um estilo mais zangado, impaciente. O bacalhau e o abacaxi nunca existiram, mas, talvez de maneira inconsciente, Fausto esteja emulando agora uma outra característica de Chacrinha: a vestimenta. O comandante do “Domingão” vem investindo e surpreendendo neste quesito.
Suas camisas coloridas atraem a atenção, não só no programa semanal, como nas chamadas para o Torpedão Campeão. Dia desses, Faustão apareceu de camiseta tie dye, com as cores do arco-íris. Para ficar ainda mais “cheguei”, pôs uma jaquetinha meio rôxa (na foto). Foi alvo de inúmeras críticas (inclusive aqui da coluna). Mas deu uma mostra de bom humor que há tempos ninguém via. “Era em homenagem à Parada Gay. Só que estava frio e eu pus por cima um blazer que ganhei da minha tia que trabalha na funerária”, brincou no domingo seguinte.
Se o mau gosto funcionar para melhorar o humor deixará de ser apenas mau gosto. Ganhará uma função importante. Aparentemente de bem com a vida, ele diverte com seu desfile de emblemas e listras. Se é bonito são outros 500. Mas, caso traga de volta o Fausto irreverente dos primeiros tempos será muito bem-vindo.
Fonte: Patrícia Kogut
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