‘Corujão do Esporte’ decepciona por não aprofundar reportagens
08/03/2012 Deixe um comentário
O ex-judoca Flávio Canto, substituto de Tande no programa das madrugadas de sexta da Globo
É engraçado como os programas da TV aberta se tornaram “crossovers”. É o caso do Corujão do Esporte, que a Globo exibe nas madrugada de sexta-feira. O termo, tirado da biologia, hoje serve para indicar combinações de elementos diferentes vindos de origens distintas, seja no cinema, na música ou na indústria automobilística. Por exemplo, um automóvel “crossover” lembra um jipe, tem para-lamas de jipe, pode ter até tração 4×4, mas costuma ser apenas um carro de passeio.
Como ninguém se garante em um único gênero, o negócio é misturar. E o Corujão do Esporte, agora apresentado pelo judoca Flávio Canto, trabalha exatamente assim: um esportivo com programa de entrevistas, de shows e de brincadeiras, uma tendência nas últimas duas décadas, pelo menos.
Os jornalísticos deixaram de lado o tom mais formal e objetivo para se tornarem mais coloquiais e opinativos. Quem tem mais de 50 anos ¿ e quem não tem, pode ver no YouTube – deve se lembrar do seríssimo Jornal Nacional com Cid Moreira e Sérgio Chapelin, cuja única descontração ficava por conta das enormes gravatas coloridas. Hoje, por exemplo, praticamente todos os âncoras comentam, se divertem e se indignam com as notícias.
As resenhas esportivas sempre foram um terrítório à parte dentro da televisão. Eram comuns os comentaristas de lábios trêmulos e olhar rútilo, para usar a expressão de Nelson Rodrigues, em discussões que aparentemente terminariam em morte sangrenta. Mas aquele bando de homens falando sobre futebol não parece mais atrair a atenção dos jovens e jamais seduziu as mulheres. Daí a mudança de tom.
Para ganhar novos públicos, vale um pouco de tudo. Desde a linda e talentosa atriz Christine Fernandes lembrando de seus jogos de vôlei juvenis, até o ator e cantor Serjão Loroza dando uma palhinha de seus composições, como o Corujão exibiu há poucas semanas. Parece, portanto, difícil a possibilidade de ver no programa alguma matéria, por exemplo, sobre Ricardo Teixeira e as ligações perigosas entre política e futebol no Brasil atual.
Claro, sexta à noite é tempo de diversão. Mas, até pelo horário, o programa podia pegar ¿ um toquinho, ao menos – mais fundo.
As informações são do Portal Terra
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