O Fantástico tem alguma coisa para comemorar?

Que fantástico poder comemorar duas mil edições de um programa semanal. Mas a única coisa que pode haver nesse bolo de aniversário é uma caveira. A vela representa não mais do que o enterro de um programa que tinha tudo para não acabar. Atualmente, depois do “Domingão do Faustão”, não existe mais o Fantástico. O que há naquele horário é uma velha senhora se arrastando e pedindo compaixão.

O show da vida terminou faz muito tempo. Pode até parecer uma brincadeira sem graça, ou ironia, caso prefira dessa forma, mas se Zeca Camargo bocejou apresentando o programa, imagina quem está do outro lado da telinha. As matérias do Fantástico, que antes eram figuras carimbadas nos prêmios de jornalismo do país, hoje servem só para encher lingüiça, reportagens de gaveta.

O Fantástico perdeu sua identidade de jornalismo para um programa de variedades com algumas pautas jornalísticas. Além da identidade, perdeu o telespectador. A média de audiência do programa caiu mais do que qualquer outra faixa de horário da Globo no mesmo período. De 36 pontos de média em 2003 para 20 em 2011.

O bocejo de Zeca Camargo (desculpe tocar nesse ponto de novo) foi somente um pressagio da mesmice que é o programa. Nos tempos de Glória Maria, ninguém bocejava, pois sua postura vitalíssima não permitiria isso, a começar pelo fato dos apresentadores ficarem durante todo o tempo em pé.

Não quero ser estraga prazeres. Se querem fazer uma festa para comemorar as duas mil edições do programa, tudo bem, que fiquem a vontade. Mas deveriam ser honestos e convidar, pelo menos, o “Domingo Espetacular” e o “Pânico na TV”. E, claro, sem esquecer do maior animador do país, o Silvio Santos.

Só não façam a festa à noite. Se não ninguém vai conseguir ficar acordado.

Breno Cunha

@cunhabreno

A Vida da Gente: quando realidade e ficção se confundem

A vida de todos nós traça alguns caminhos curiosos. É difícil entender ou procurar explicações para o que acontece com a novela “A Vida da Gente”. O folhetim é apontado como um dos melhores dos últimos tempos na televisão nacional, mas não tem audiência que muitas novelas tidas pelo público como vergonhosas conquistaram. Como o que o telespectador ver não são números, a novela de Lícia Manzo mudou a vida de cada pessoa que a acompanhou.

Recordista em críticas boas por parte da imprensa especializada – aliás, nenhum texto de algum colunista se referiu a novela negativamente, diferentemente de todas as outras – “A Vida da Gente” ensinou, por meio de suas inúmeras intrigas, o que é o verdadeiro significado da felicidade. A relação que os personagens têm entre si sustenta a tese de que qualquer problema é superável.

Por conta disso, como poucas novelas, o folhetim das seis ficará marcado pelas atuações impecáveis de todo o elenco. Seria até injusto citar 5, 10 ou 15 atores que se saíram bem na trama, pois o texto da novela foi capaz de colocar em evidencia até os mais secundários dos personagens. Texto, atores entrosados, fotografias maravilhosas além de uma porção de outras qualidades colocam o folhetim num patamar invejável.

É difícil fazer uma crítica estritamente profissional a esta novela. E as outras críticas resumem muito bem isso.

Neste finalzinho, por causa da Leucemia de Julia (Jesuela Moro), o amor entre Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manu (Marjorie Estiano) de novo acenderá, mostrando que uma doença tem o poder muito maior de unir as pessoas do que separar.

Que “A Vida da Gente” possa servir de exemplo para todos os outros autores de novela, muitos que não têm sequer o compromisso de passar uma mínima reflexão para o seu público.

Na próxima sexta-feira, quando A Vida da Gente acabar, começa a contagem regressiva para a próxima novela de Lícia Manzo. 

Breno Cunha

@cunhabreno

Fátima Bernardes dará o tiro de misericórdia no “Hoje em Dia”

 

A Record precisa tomar muito cuidado com Fátima Bernardes. Morreu a jornalista que dava o glamour ao “Jornal Nacional”, mas já é certo que nascerá uma das maiores apresentadoras do mundo no ano que vem. Fátima vem pra preencher todas as falhas que as grades das emissoras, durante a manha, apresentam.

O “Hoje em Dia”, do jeito que estar, não dará conta do recado. Os erros são vários. Primeiro as notícias que Celso Zucatelli informa, logo após o “Fala Brasil”, algo extremamente desnecessário. O público do horário não quer ver mais notícia, quer conteúdo de entretenimento e variedade. Não por acaso, essa é a proposta de Fátima Bernardes.

Não é o “Hoje em Dia” em si que deve mudar, mas a postura dos apresentadores. Mais entrevistas, mais informações do cotidiano, culinária mantida, reportagens especiais exclusivas do programa e diversão são as coisas das quais o telespectador escolhe pra assistir pela manha.

Para se abastecer de munição contra o programa de Fátima Bernardes, o “Hoje em Dia” precisa reformular também o seu quadro de apresentadores. Acredite, isso é indispensável. Os atuais são bons, mas não mais atendem os desejos do público. Por que Ana Paula Padrão parar dar credibilidade ao programa? A jornalista já afirmou que não quer permanecer em pancada em 2012, pois que a coloquem para bater de frente com Bernardes.

Ana Maria Braga? Sim, a mesma perderá muito espaço e esse seria o momento ideal para colocá-la em destaque novamente.

São somente sugestões. O certo é que só em anunciar Fátima Bernardes para 2012 e de sabermos que ela estará pelas manhas, o sinal vermelho foi aceso no “Hoje em Dia”. Chegou o concorrente.

Breno Cunha

@cunhabreno

A Globo torce pro Corinthians?

Numa rápida analogia a gente pode entender o que acontece na conversa de amigos dos grandes brasileiros que controlam o mercado do entretenimento e esporte do país. Se a Globo é parceira de Ricardo Teixeira e CBF, e a CBF é parceira do Corinthians, então a Globo é parceira do Corinthians. É como numa regra de três. Cruz credo.

É estranho ver como os apresentadores, narradores e comentaristas da emissora carioca torcem pelo Corinthians. Não estranho por saber que uma emissora, por ser concessão pública, deve ser laica (lembre-se: futebol é religião, no Brasil) e imparcial. E sim por ter que saber que o telespectador fica a mercê de verdadeiros torcedores na frente das câmeras.

O Vasco não venceu o campeonato. O Corinthians, portanto, foi campeão por puro merecimento.

Mas por que será que o Corinthians e o Flamengo receberam mais dinheiro da Globo nas negociações dos direitos de transmissão do Brasileirão? Palmeiras, Santos, São Paulo, Botafogo, Vasco e Fluminense assinaram sua “sentença de morte” ao aceitarem a proposta da Globo.

Jamais deveriam aceitar que Corinthians e Flamengo recebam mais do que os demais sob a falsa argumentação de que suas torcidas são maiores.

Isso não quer dizer que os jogos desses times dão mais Ibope. Se achar que estou errado, olhe os números.

Analisando as cinco últimas rodadas do Campeonato Brasileiro: Vasco joga três clássicos. Botafogo, Fluminense, São Paulo e Palmeiras jogam dois. Corinthians e Flamengo jogam apenas um.

Até as pessoas que moram nos níveis estratosféricos do sistema sabem que existe corrupção dentro do futebol brasileiro. A Globo erra em se meter nisso.

Breno Cunha

@cunhabreno 

“A Vida da Gente” é muito mais fina que aquela estampa

Acompanhar uma novela profissionalmente virou mania por entre os brasileiros. Nós, acostumados a assistir folhetins e nos prender por completo a essas tramas durante tanto tempo, somos especialistas em analisar, resenhar, palpitar, sugerir, reclamar e curtir uma novela. Somos tão acostumados a ver novelas que assistimos profissionalmente, na maioria das vezes, a maioria das novelas, por não podermos ficar de fora do debate do dia seguinte, que sempre tem no seu assunto a cena do capítulo anterior.

Então, às vezes, nos esquecemos que uma novela tem que ser prazerosa. O brasileiro se acomodou e, hoje, assiste à maioria das novelas puramente por obrigação. Uma ou outra consegue realmente mexer com os nervos, emocionar e sacudir o telespectador. Quando eu digo poucas, são pouquíssimas. Raríssimas exceções. “A Vida da Gente” se encaixa nesse bolo. Lícia Manzo, até então e talvez até hoje desconhecida, transformou a vida da gente em algo melhor após a estreia do novo folhetim das 18h.

Com poucos núcleos e um leve tema, a novela não toca em nenhum assunto que exija muita polemica justamente pelo fato de precisar manter prazeroso assistir. Ainda assim, o jeito como estão sendo abordadas as atitudes de alguns personagens criam um bom debate pra sociedade.

Em outra oportunidade, discutiremos isso tudo. Só passei aqui pra dizer que “A Vida da Gente” é muito mais fina que aquela estampa.

Breno Cunha

@cunhabreno

Qual a sua solução pra Record?

O caso da Record ainda é intrigante. Neste domingo (20) eu disse aqui, em meu artigo, os motivos que levaram a Record a estar na beira do precipício e a respeito perigosa relação que a emissora construiu com a Igreja Universal. Agora tentarei expor a minha opinião sobre as soluções e mostrar que o canal de Edir Macedo tem todos os instrumentos precisos para voltar a marcar boas médias de audiência e ser uma incomoda concorrente pra Globo.

Até os seres mais desprovidos de inteligência sabem que, hoje em dia, o que dá audiência é futebol. E esta pode ser a solução para a Record ter um bom desempenho nas tardes dos dias de semana. Além dos direitos dos campeonatos Inglês, Espanhol e Italiano não serem caros, montar estruturas de transmissão não exige muito dinheiro a ser gasto, já que os locutores podem cobrir o jogo direto do Brasil, como fazia a Rede TV!.

Além de futebol, seriam bom a Record pensar em ir tirando, pouco a pouco, o “Tudo a Ver” do ar. Primeiro por que, se é pra ver reprise, é mais vantajoso reprisar um folhetim, principalmente algum que fez bastante sucesso na telinha da emissora.

É de fundamental importância também que a Record invista pesado no esporte. A criação de alguns programas que falem somente de esporte é indispensável pra um canal que precisa fazer uma boa Olimpíada. O público masculino precisa de uma atração onde jogos de futebol e de todos os outros esportes sejam debatidos por especialistas, jornalistas, torcedores. É importante.

Se desvincular aos poucos da Igreja Universal é totalmente recomendável, diminui o risco.

Essas foram só algumas sugestões das infinitas que podemos ter. Sugestões feitas por só mais um brasileiro, assim como 190 milhões, que entende de televisão e é especialista no assunto. 

Breno Cunha

@cunhabreno

Desta vez, a Record deu um tiro na santa

A Record chutou a santa mais uma vez. A reportagem do “Domingo Espetacular”, com assustadores trinta minutos de duração, pode ser vista, tranquilamente, como perseguição religiosa. Perseguição feita por uma emissora que, legalmente, deve ser laica. Por isso, mais uma vez, a Record deu um pontapé na santa e jogou um balde de sangue em sua história. Por nada, a manchou. Aliás, teve seus motivos. Que, obviamente, não justificam.

A “Igreja Universal” vem perdendo força, há algum tempo, por entre as igrejas evangélicas. O que era um fenômeno de fieis e lucro, pouco a pouco se torna mais um império religioso. Só mais um. Não mais que por conseqüência, a Record, propriedade do dono da IURD, compra a briga de seu chefe e resolve disparar para todos os lados, de forma tão equivocada quanto estúpida.

As igrejas neopentecostais estão ganhando força. A Igreja Universal já perdeu quase 1/3 de seu público em nove anos. Precisava de uma reportagem com quase meia hora de duração? E logo da Record, que tanto reclamou em outrora de perseguição aos fiéis da Universal? Pra que isso? Com certeza foi um erro, talvez o maior, cometido pela emissora. Um tiro na cabeça.

O mercado publicitário, mais uma vez, deve se voltar contra o canal. O público não aprovou. A hastag #vegonharecord ficou em primeiro lugar nos TTs Brasil onde vários internautas alegavam intolerância religiosa.

A Record atacou o seu público. A classe baixa é quem freqüenta as Igrejas Pentecostais e é a classe baixa quem assiste a Record. Levantar a santa desta vez não será o bastante.  

Breno Cunha

@cunhabreno

O UFC 2012 e a temida gaveta da Globo

Para quem não é muito atento na ideologia e filosofia de algumas emissoras, saber que a Globo ficou com o direito de transmissão do UFC 2012 pode não ter sido uma notícia especial ou que chamasse tanta atenção. Mas para quem é um pouco mais esperto, sabe que este fato pode acarretar no fim das transmissões do campeonato de MMA aqui no Brasil. Não fosse um detalhe, isso não seria possível: a tal da gaveta da Globo.

Com certeza, há alguns anos, antes da exibição na Record, o leitor não conhecia os Jogos de Inverno. Mesmo sendo uma competição tão conhecida e importante como as Olimpíadas. Para o resto do mundo, não conhecer os Jogos de Inverno seria considerado um absurdo. No Brasil, não. A Globo detinha os direitos de transmissão dos jogos há 30 anos, mas nunca o fez. Eis a tal da gaveta.

Isso é uma clara estratégia para se tirar um bom produto do mercado. Um produto que pode ameaçar o seu produto. Semelhante também ao que a Record tentou fazer com Datena. O tirou do mercado evitando a concorrência com os seus programas. Só que não deu certo e Datena retornou pra Band, voltando pra vice-liderança dia a dia.

O risco da Globo guardar o UFC só para não deixar a Rede TV! tomar a liderança novamente é iminente. Por isso, não me surpreenderá se, daqui a alguns anos, o brasileiro não saiba mais sobre esse esporte. 

Breno Cunha

@cunhabreno

Edir Macedo e o império da fé

Eu sou daqueles que sempre procuram uma boa história pra ler e contar. A vida de Edir Macedo, retratada em sua biografia, é certamente um dos livros mais densos e carregados emocionalmente que pode haver no ramo. Saber como um homem se tornou um dos mais poderosos do mundo é, com certeza, aprender a vencer e superar os limites.

Aprender, sobretudo, uma história de luta e sucesso. Trabalho e conseqüências. Obstáculos e superações. Longe de mim querer pautar na Record, seus programas, nem a Globo e seus programas. É a vida de um homem e o império construído pela e sobre fé que está sobre a mesa.

É de, no mínimo, se admirar uma pessoa que conseguiu construir um império religioso numa época ainda dominada por dogmas religiosos cravados no pensamento da população, num país genuinamente cristão e católico. E como tudo começou?

Após receber de uma amiga o dinheiro da venda de um terreno, Edir Macedo alugou alguns minutos em uma radio para propagar a sua mensagem. Nascia ali, em 1977, a Igreja Universal do Reino de Deus, atualmente a que mais cresce no mundo com quase 8 milhões de fieis espalhados por entre 2 mil templos.

No início dos anos 90, Edir Macedo quis comprar uma emissora de TV. Um dos sócios, Silvio Santos, se negava vender a Record, afogada em dívidas e quase indo a falência. Alguns argumentavam que Edir transformaria o canal em uma Igreja Digital e não passaria de 1 ponto na audiência. Erraram duas vezes. Além de colocar aquela falida emissora como a segunda maior do país e uma das maiores do mundo, alcançaram a vice-liderança e se tornaram referencia em mercado.

Edir Macedo, assim como poucos homens, é, acima de tudo, um mito. Dono de dois verdadeiros impérios, independentemente de para qual emissora torce o leitor, Edir Macedo tem que ser visto como exemplo. Exemplo de que o limite é só mais uma dificuldade.

Breno Cunha

@cunhabreno

O que a Record leva deste Pan 2011?

Com muito esforço, suor, determinação, coragem e a audácia de dar a cara pra bater, a Record conseguiu os direitos de transmissão do Pan 2011. A exclusividade da Record não chega a caracterizar monopólio, pois outras empresas tiveram a chance de competição – algo que não houve na briga pelos direitos televisivos do Brasileirão, esse ano, por exemplo.

Para exibir o evento, a emissora de Edir Macedo (e essa semana vou explicar o porquê de considerar esse cara como um dos mais inteligentes do mundo) contratou nada menos que os dois maiores jornalistas esportivos da Globo: Mylena Ciribelli e Mauricio Torres. E ainda criou um semanal esportivo, o “Esporte Fantástico” que, apesar de não decolar na audiência, deu experiência para os repórteres em matérias muito boas.

O esforço da Record em fazer o melhor a tamanha qualidade técnica das transmissões com certeza ficarão como medalhas para a emissora trazer de volta ao Brasil. Mas como o Pan é um aquecimento para o maior evento esportivo do planeta, as Olimpíadas, o qual a Record também detém exclusividade, ficam os erros que precisam ser ajustados.

O canal necessita por um programa diário de esportes. Esse programa deve ter, além de um apresentador de presença, comentaristas com reputação no meio, mais ou menos como o “Redação”, do SporTV, que sempre trás como convidados editores de jornais esportivos de grande circulação no país. Não falta à Record um Milton Neves, falta um Tiago Leifert. Talvez duas edições por dia deste programa fossem o ideal.

Qualquer erro tem que servir de aprendizado. A emissora tem que encarar o ouro desse Pan como uma medalha de bronze para que em 2012 não haja obstáculo capaz de segurar. 

Breno Cunha 

@cunhabreno

O monopólio da Record é diferente do monopólio da Globo

Hoje fiquei sabendo de um fato que me deixou convicto de que todo o atual contexto da nossa televisão segue caminhos já previsíveis. A TV Globo dedicou somente 29 minutos ao vivo de sua programação para a transmissão do Pan de 2003, em Santo Domingo. É de uma arrogância muito grande dizer que na Record este evento tem menos visibilidade.

O fato, meus senhores, é que em qualquer mercado, seja no de macarrão ou o de emissoras, quando não se há concorrência, então tudo fica muito mais fácil de se manipular. O SBT, quando tinha programas que conseguiam picos inacreditáveis de audiência, como “A Cada dos Artistas” ou “Show do Milhão”, sempre deixou muito claro que a intenção não era passar a Globo ou sequer ameaçá-la.

Numa entrevista recente, Silvio Santos disse em alto e bom tom que ultrapassar a Globo é impossível e que programas podem ficar na frente da Globo, mas serão por apenas 15 minutos. Ou seja, antes de Edir Macedo na Record, a Globo simplesmente não tinha concorrência. E sem concorrência não tem mercado. E sem mercado o consumidor fica refém do monopólio.

E não me venha dizer que a Record está monopolizando o Pan. Mentira. Ela tem os direitos, pagou caro, a Globo não quis cobrir a oferta e perdeu o evento. Só isso. Mercado.Vale a pena repetir: concorrência.

Agradeçam por existir uma rede de TV disposta a sacrificar sua grade em prol do telespectador. Não concordo em danificar as novelas por algo finito, como o Pan. Entretanto é muito bom ter opções: na Record tem o Pan, na Globo o futebol e assim por diante.

Já pensou se só tivéssemos uma opção de macarrão?

Breno Cunha

@cunhabreno

Hebe e Gugu meteram uma faca nas costas de Silvio Santos, quer mais?

Não é exagero dizer que Hebe Camargo meteu uma faca nas costas de Silvio Santos. Muito menos falar que Gugu também traiu o dono do baú. Diferente de todo o resto que saiu do SBT em direção a Record, Gugu e Hebe tinham uma relação muito mais do que profissional com Silvio Santos. E não é só isso, antes fosse.

Hebe conhece Silvio Santos há dezenas de anos, talvez 50, ou mais, muito mais. Pelo dinheiro que ela já recebeu na vida, mais o status que possui, o qual jamais se apagará, Hebe não precisava olhar para o contracheque na hora de decidir se ficaria ou sairia do SBT.

Abandonar Silvio Santos no momento em que a emissora dele passa por dificuldades, principalmente por ter perdido patrocinadores importantes, como as empresas do Grupo Silvio Santos, que foram vendidas recentemente, foi a tal da facada.

Não me surpreende que Silvio tratou Hebe Camargo com indiferença. Por ele, ela não pisaria jamais no SBT. Nem Gugu, que não foi pro Teleton nem nunca mais irá por vergonha e constrangimento. Só isso.

Pedir desculpas é como retirar uma faca de dentro de alguém. Principalmente nesse caso. Deve doer muito quando se retira uma faca de dentro de nós.

Breno Cunha

@cunhabreno

Rafinha Bastos: o Brasil criou esse monstro

É uma surpresa ver todos surpresos com as seguidas e lamentáveis atitudes de Rafinha Bastos. Nós criamos essa cobra. Esse troféu é nosso, vamos levá-lo pra casa e nada a mais. Sem mais comentários do tipo “ele não podia fazer isso” ou “isso é um absurdo”. É um absurdo algumas pessoas ficarem contra Rafinha. Essas pessoas riam das piadas do Rafinha.

É incrível também observar que existem pessoas abaladas com toda essa situação, sendo que o caminho trilhado pelo “humorista” não poderia o levar para outro lugar.

Esse tipo de humor que algumas pessoas do “CQC” fazem não é humor, é agressão. Agressão gratuita. Covarde. Mas até aí, tudo bem, desde que fosse com pessoas não tão bem conhecidas. Eles são mestres nisso. Só que Rafinha mexeu com a pessoa errada, esse foi seu erro, seu único erro.

Não fosse pela sua imprudência de não saber que Wanessa e sua família são totalmente influentes na Band (e outros veículos), não faria aquela grosseria, ou melhor, a guardaria para outra vítima. Uma vítima qualquer.

Pedir desculpas seria somente mais um engano. Haverá emissoras que o queiram, senão a Band. Haverá público que o queira, senão o brasileiro. 

Breno Cunha

@cunhabreno

“Two and Hald Men” não pode prosseguir sem Charlie Sheen, é um erro

Uma piada só é uma boa piada quando, muito mais do que provocar risos da plateia, consegue levar quem a ouve para uma intensa reflexão. Exatamente por isso a série “Two and Half Men” é a série de maior sucesso do mundo. Ou era. A saída de Charlie Sheen nos ensinou uma lição muito maior do que qualquer piada que o seu personagem já tentou transmitir: a de que há pessoas insubstituíveis.

Charlie era uma delas. Alguns pensam que a série possa seguir com ele. Na boa? Não assisto. Essa série sem Sheen é como Chaves sem Chaves. Sua absurda audiência do primeiro capítulo deve-se ao fato de que o mundo esperava ansiosamente o desempenho de Ashton Kutcher como sendo o centro das atenções da série. Mas se realmente o colocarem como o centro das atenções, então não vai dar certo.

Com o passar das semanas as pessoas vão enjoar, vai perder a graça e a saudade de Charlie Harper vai bater.

Ashton não tem o carisma de Charlie, muito menos sua caricatura pronta de cafajeste. Este era o segredo. A série poderá continuar sendo sucesso se os autores souberem que o foco jamais terá que ser Ashton, pois Ashton só tem presença forte de galã e conquistador, nada a mais. Esse “a mais” atende pelo nome de Charlie Sheen.

O astro da série agora – caso os criadores queiram que “Two and Hald Men” não acabe – tem que ser Alan, irmão de Charlie Harper. Ele é quem carregará o sitcom nas costas, tendo o auxilio de seu irmão.

Mas repito: não assistirei. 

Por Breno Cunha

@cunhabreno

Criticando a Record pelo prazer de criticar

Algumas pessoas falam o que pensam no calor da emoção, no entusiasmo e acabam se afogando nas próprias palavras. Mas aí é bom, pois você conhece a verdadeira opinião dessa pessoa. O artigo do Endrigo Annyston em relação a reportagem que a Record veiculou neste domingo (11), se defendendo de um ataque da revista “Veja” (mais um, aliás), é capaz de revelar a fúria que alguém pode sentir por outro alguém. Quando não se quer discutir uma crítica, desqualifica-se o crítico e, nesse caso, não é isso que ocorre. Sou fã do Endrigo, mas vamos, agora, discutir a sua crítica, parte por parte.

Pra começar o colunista citou um momento em que Silvio Santos estava na liderança, observando que a Record estava em quarto lugar. O engraçado é que acabou o programa do Silvio e o mesmo fechou com média em terceiro lugar, atrás da Record. Percebemos que há parcialidade no texto quando os fatos apresentados são somente os que podem lhe agradar. O reality da Record foi chamado de “fiasco”, mas em momento algum lembrou-se que esse mesmo programa conseguiu liderança sobre o “Hipertensão”, da emissora concorrente, na semana passada.

Em outro momento de distração – prefiro supor – do colunista, ele diz que o SBT deu uma lavada na Record em pleno horário nobre deste domingo. Mentira. Se fosse verdade, o “Tudo é Possível”, o “Programa do Gugu” e o “Domingo Espetacular” não tinham fechado na vice, atrás somente da TV Globo.

Em um trecho, Endrigo diz que a emissora não citou São Paulo como base para os gráficos mostrados na reportagem. Mentira. O “Fala Brasil” foi colocado como líder de acordo com dados referentes à grande São Paulo. O jornalista ainda achou errado o fato da Record ligar a “Veja” ao grupo no qual a Globo se inclui. Mas como não se relacionam? Em 2010, de 42 capas da “Veja” as vésperas do segundo turno das eleições, 18 continham ataques a Lula, Dilma e PT. Sabe que quase ia me esquecendo que a Globo já manipulou um debate eleitoral contra o PT?

Gosto do Endrigo, mas houve algo de errado aí. Seus argumentos não se sustentam. Sobre a Record, há crise? Para a emissora, não. Mas se realmente isso é invenção da imprensa, tem que ser demonstrado dentro de campo e não com reportagens.

Até a próxima!

Por Breno Cunha

@cunhabreno

“Malhação Conectados” vai mostrar o que realmente é ser #Rebelde

1046 - Malhação Conectados

Muita expectativa girou em torno de “Malhação Conectados” pelo fato do público adolescente querer voltar a ter na televisão um instrumento de diversão e entretenimento. Além do mais, não há como duvidar do sucesso de uma novela que já deu 40 pontos de Ibope às 18h. Potencial tem e sempre teve. O que faltou de alguns anos pra cá foram bons atores que conseguissem criar uma identidade com o público e um autor disposto a aceitar que vilão e mocinha não fazem mais parte do gosto popular.

Esta nova Malhação será, indubitavelmente, sucesso de público e audiência porque assumiu que a internet faz parte do cotidiano do jovem e, assim, não mais duelará com as redes sociais por atenção do público jovem. Como o próprio nome já sugere, Malhação Conectados traz para a televisão a internet e cria o contexto que estava faltando para o adolescente voltar a assistir TV.

Como foi notável neste primeiro capítulo, Malhação trilhará um caminho totalmente diferente do que Rebelde escolheu. Temas chamativos serão abordados, o colégio utópico que abrigava pessoas com mais de 20 anos deixou de existir para dar lugar a um outro cenário, mais atual, onde jovens tentarão um espaço ao sol usando universidades, e uma equipe conectada com o mundo farão de Malhação aquela boa Malhação que, outro dia, parava o Brasil (mais até do que novela das 21h).

O que talvez diferencie Malhação Conectados de todas as outras temporadas é que, finalmente, alguém admitiu que o protagonista é o público. 

Por Breno Cunha

(@cunhabreno)

Olha que engraçado: a Globo também sabe copiar

Aí eu é que sou provocador. De acordo com o jornal “Agora SP”, a TV Globo criará um quadro chamado “A gente ganha pouco, mas se diverte”, onde um repórter vai entrevistar pessoas da classe baixa brasileira, mas mostrando o lado “divertido” de ser pobre. Sabe que eu nem tinha reparado que o “Pânico na TV” faz algo parecido com o “A glamurosa vida da Classe C”, apresentado pelo genial Evandro Santo?

Mais um pouco e eu vou achar que a foi a Rede TV! quem copiou a Globo na ideia do quadro. Sim, pois é sempre a Globo a original, ou não? O resto sempre é cópia (mal-feita, segundo os mais perspicazes dos leitores). Mas o importante mesmo é que, finalmente, a Globo descobriu que existe pobre nesse país e decidiu mostrá-los na sua programação.

A Record colocou como cenário de “Vidas Opostas” uma favela do Rio de Janeiro. Tempos depois, Aguinaldo Silva imitou com “Duas Caras” e teve a audácia de dizer que foi o primeiro autor a fazer isso. É claro que sábios guerreiros que assistem a Globo sempre olharam as outras emissoras com desconfiança, de vez em quando descem do pedestal para ver o que o povo está pensando. Mas agora existe pobre no Brasil e este pobre quer aparecer.

Não adianta, esse pobre não quer mais ser somente figurante em filme de guerra. Quer ser notícia. A Record colocou um comentarista de segurança, no “Fala Brasil”, o Percival de Souza. Em seguida, num telejornal também na manha, a emissora carioca escalou um comentarista de segurança também. Dia desses, o diretor-geral da Globo, Octávio Florisbal, disse da classe C: “Eles têm que ver a sua realidade retratada nos telejornais”.

A Globo tentou esconder Lula até aonde deu, só mostrou quando ele foi eleito presidente, porque aí não tinha mais jeito.

Por Breno Cunha

(@cunhabreno

Aguinaldo Silva colocou a faca no pescoço

Tem gente que fala de mais por não ter nada a dizer. Aguinaldo Silva, um dos novelistas mais sensacionais de nossa televisão, é uma dessas pessoas que sempre acaba dizendo um pouco a mais do que devia. Essas últimas semanas foram marcadas por críticas e mais críticas do autor global aos seus próprios colegas.

Segundo Aguinaldo, nenhuma novela presta, nenhum ator, que não seja de sua novela presta, ninguém presta. Ricardo Linhares, Gilberto Braga, Murilo Benício, Zeca Camargo e Chico Buarque foram vítimas de ataques gratuitos. A cada “twittada” é uma opinião nada discreta sobre as atuais novelas e seus pontos fracos.

Enfim, apesar de ter em seus currículos novelas épicas e antológicas, transcendentes e inesquecíveis, Aguinaldo Silva enrolou uma corda em seu pescoço e corre o risco de se enfocar. Por que? Simplesmente o autor não se deu conta que o mundo mudou. A Globo de hoje não é a mesma da Globo que exibiu sua novela, “Senhora do Destino”, a qual bateu recordes o Ibope e entrou no rol das grandes novelas da televisão brasileira.

Hoje, com “Fina Estampa”, se Aguinaldo Silva se der mal no Ibope, ficará sem ter quem culpar. O público? A Globo? Os atores? A época? Ou será que o autor culpará a si próprio? Humildade é uma palavra que só os fortes conhecem. “Fina Estampa” pode ter uma Christiane Torloni em sua equipe, mas o destino vem sendo cruel com a Velha Senhora.

Horários que antes davam audiência para emissora, que ficava de olhos fechados, hoje tem que ser banhados a sangue para fazer subir o Ibope. Será que tem outro jeito de dar audiência? Aguinaldo Silva tentará descobrir.

Por Breno Cunha

(@cunhabreno)

Aos 30 anos de vida, SBT se degrada

O SBT deixou de ser um canal de televisão “feliz” no momento em que parou de tentar ser um bom canal de televisão. Com um discurso do tipo “estou bem, obrigado”, a emissora de Silvio Santos se acomodou na segunda colocação e nem viu a Record passar. Hoje, olhando para os últimos cinco anos, os diretores do SBT podem perceber que pararam no tempo enquanto todo o resto se atualizava.

Morreu o esporte no SBT. Campeonatos de futebol, por exemplo, deixaram de ser exibidos e programas esportivos são totalmente irreais. O departamento de esporte do SBT morreu, grandes nomes saíram do canal e, junto com eles, o grande público. Sobram programas de auditórios e não percebem que quantidade não é qualidade.

Dramaturgia? Necas. É mais fácil reprisar dezenas de novelas à tarde do que investir na área. Que ironia, as novelas reprisadas dão mais audiência do que a única inédita, em horário nobre, fato que revela uma fragilidade fruto da falta de atenção no ramo.

Atualmente o que salva o SBT é Silvio Santos (maior audiência do canal), algo natural e esperado, levando em conta a sua história, que se confunde com a da própria televisão no país.

O que o SBT, como um todo, deve entender, é que não há uma fórmula mágica para se ter audiência, ela não cai do céu, por mais feliz que a empresa seja. O que existe é o investimento e a possibilidade de retorno, que é grande. Enquanto essa verdade universal não for aceita, os próximos 30 anos serão iguais aos últimos 5: na terceira posição.

A impressão é que o SBT vegeta. 

Por Breno Cunha

(@cunhabreno)

Piada pronta: falta rebeldia para “Rebelde”

Assim como não dá pra chamarmos de verão uma temporada sem sol, é inadmissível denominar de “Rebelde” uma novela que não tem nada de mais eletrizante. Rebelde é uma novela pronta, com uma sinopse e história já escrita e finalizada, mas que graça tem? E onde fica o charme que toda novela deve ter pelo fato de seus telespectadores não saberem o final da história?

Um bom elenco, uma forte marca, equipe de produção impecável, figurinos e cenários modernos e beirando a perfeição. Se tem tudo isso, então o que falta pra “Rebelde” ser manchete dos jornais, tema de conversa e gerar boas discussões como qualquer outra novela da Globo, por exemplo? Ironicamente, falta rebeldia a novela.

Focada num público infanto-juvenil, o folhetim adolescente da Record tem medo de se aprofundar em assuntos que tem que ser pautados. Sexo inseguro, gravidez da adolescência, drogas entre jovens e vários outros temas deixam de ser mostrados em “Rebelde” para dar espaço ao amor platônico. Que graça tem em assistir mocinhos e vilões brincando de pega-pega? Que graça tem em saber o final?

Repito: transformar “Rebelde” num fenômeno e fazer da novela algo inesquecível é muito fácil, basta ousadia. Só tem um detalhe: o tempo está acabando. 

Breno Cunha

(@cunhabreno)

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