O Fantástico tem alguma coisa para comemorar?
26/02/2012 53 Comentários
Que fantástico poder comemorar duas mil edições de um programa semanal. Mas a única coisa que pode haver nesse bolo de aniversário é uma caveira. A vela representa não mais do que o enterro de um programa que tinha tudo para não acabar. Atualmente, depois do “Domingão do Faustão”, não existe mais o Fantástico. O que há naquele horário é uma velha senhora se arrastando e pedindo compaixão.
O show da vida terminou faz muito tempo. Pode até parecer uma brincadeira sem graça, ou ironia, caso prefira dessa forma, mas se Zeca Camargo bocejou apresentando o programa, imagina quem está do outro lado da telinha. As matérias do Fantástico, que antes eram figuras carimbadas nos prêmios de jornalismo do país, hoje servem só para encher lingüiça, reportagens de gaveta.
O Fantástico perdeu sua identidade de jornalismo para um programa de variedades com algumas pautas jornalísticas. Além da identidade, perdeu o telespectador. A média de audiência do programa caiu mais do que qualquer outra faixa de horário da Globo no mesmo período. De 36 pontos de média em 2003 para 20 em 2011.
O bocejo de Zeca Camargo (desculpe tocar nesse ponto de novo) foi somente um pressagio da mesmice que é o programa. Nos tempos de Glória Maria, ninguém bocejava, pois sua postura vitalíssima não permitiria isso, a começar pelo fato dos apresentadores ficarem durante todo o tempo em pé.
Não quero ser estraga prazeres. Se querem fazer uma festa para comemorar as duas mil edições do programa, tudo bem, que fiquem a vontade. Mas deveriam ser honestos e convidar, pelo menos, o “Domingo Espetacular” e o “Pânico na TV”. E, claro, sem esquecer do maior animador do país, o Silvio Santos.
Só não façam a festa à noite. Se não ninguém vai conseguir ficar acordado.
Breno Cunha
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